O curso oferece uma visão abrangente da história da cultura brasileira, desde a chegada dos europeus ao território americano até a formação de uma coletividade cultural e artística singular, expressa em língua portuguesa. A partir de uma abordagem cronológica e temática, discutem-se questões centrais como a antropofagia e seus reflexos culturais, a construção da identidade nacional e o chamado “complexo de vira-lata”. Ao longo do percurso, examina-se a língua portuguesa como veículo e matriz de experiências, atravessando territórios, práticas artísticas, crenças e formas de expressão que revelam a pluralidade e a complexidade da cultura brasileira.
Aula 1 | O que é cultura brasileira? Do samba ao sertanejo, da feijoada ao sushi
O conceito de “cultura” apresenta múltiplos significados, que variam entre usos cotidianos e interpretações ligadas às artes e à civilização. Essa polissemia conduz a reflexões mais amplas sobre a definição de cultura brasileira, seus limites, contradições e possibilidades futuras. A proposta desta aula não é esgotar o tema, mas promover uma imersão crítica que estimule a reflexão sobre a história, a complexidade e os impactos sociais da cultura no Brasil contemporâneo.
Aulas 2 a 4 | Antropofagia, devorar o mundo para criar o Brasil
A antropofagia, entendida tanto como prática antropológica quanto como metáfora cultural, constitui um eixo fundamental para compreender a formação da cultura brasileira. Inicialmente observada entre povos originários e interpretada sob o olhar europeu, a antropofagia tornou-se símbolo de um modo singular de assimilação e recriação cultural. Esse “sentimento antropofágico” atravessa a literatura, a arte e a música, do Romantismo ao Modernismo, consolidando-se na proposta de Oswald de Andrade como traço identitário do Brasil. Ao devorar influências diversas – da herança ibérica medieval ao samba, da MPB à música pop contemporânea –, a cultura brasileira revela sua vocação híbrida e criativa. A reflexão propõe discutir se, no século 21, esse hibridismo antropofágico permanece como chave central para compreender a identidade cultural brasileira.
Aulas 5 a 7 | O que é ser brasileiro ou brasileiros?
Discutir o significado de ser brasileiro, explorando a evolução histórica do termo “brasileiro” e sua relação com a formação da identidade e da cultura nacional. Inicialmente ligado ao comércio de pau-brasil, o nome ganhou novos sentidos ao longo do tempo, levantando questões sobre quando deixamos de ser portugueses para nos tornarmos brasileiros e se podemos falar em uma única identidade ou em múltiplas identidades em constante diálogo e conflito.
Analisar como a cultura brasileira se construiu pela convivência e tensão entre diferentes povos – indígenas, portugueses, africanos, além de imigrantes de várias origens – e como esse processo se refletiu nas artes, da catequese jesuítica ao Modernismo e à Tropicália. A proposta modernista, ao romper e dialogar com o passado, ainda inspira reflexões sobre a pluralidade cultural e os desafios da identidade brasileira. Refletir como pintura, poesia, teatro e música se tornaram espaços privilegiados para pensar a existência humana e os modos diversos de ser brasileiro, revelando uma identidade em constante transformação.
Aulas 8 a 10 – O Brasil no mundo e o complexo de “vira-lata”: somos, de fato, inferiores?
As últimas aulas abordam a relação da cultura brasileira com o mundo, discutindo expressões como “país do futuro”, “país do futebol” e o “complexo de vira-lata”. Reflete-se sobre a busca pela modernidade, a necessidade de reconhecimento externo e a forma como o Brasil dialoga com outras culturas. A arte, nesse contexto, surge como espaço fundamental para compreender nossa identidade coletiva e projetar um presente mais consciente e esperançoso.
Sobre o professor: José Luís Landeira tem pós-doutorado em Letras pela Universidade de Coimbra, em Portugal, na área de Literatura e Educação. É doutor em Educação – área de Linguagem e Educação – pela Universidade de São Paulo (USP) e mestre em Letras pela mesma universidade. É professor universitário e coordenador de cursos de pós-graduação na área das artes. É também pesquisador e autor de livros e diversos artigos sobre os temas da educação, das artes e das linguagens. Sua pesquisa incide sobre as relações entre as artes (e a literatura) nos seus diálogos entre si e com os contextos de produção e de compreensão.