Muito se fala que a arte é uma linguagem expressiva, manifestação afirmativa da existência. Praticantes e admiradores frequentemente argumentam que o fazer artístico é, igualmente, uma forma privilegiada de se conectar consigo mesmo, com a natureza e com o outro. A arte como recusa, parte, no entanto, da premissa complementar inversa: procura investigar de que forma a arte opera e se expressa por meio de múltiplas negatividades. As pessoas não só afirmam conexões, não só criam fronteiras, mas também delimitam.
Por meio de uma tipologia da recusa, serão feitas ligações entre artistas, movimentos sociais e escritores que fizeram da rejeição ao trabalho alienado capitalista motivo e substrato de sua produção artística.
Aulas 1 e 2 | Negar: a recusa negativa e o princípio insurrecional
As múltiplas recusas e a arte como ferramenta crítica.
Surrealistas e a rejeição ao profissionalismo.
Black Mask/ Up Against the Wall, Motherfucker: ações diretas e bloqueios a museus.
Altraverso e a produção visual dos autonomistas italianos durante os anos 1970.
Aulas 3 e 4 | Desidentificar: a recusa “positiva” e o princípio pré-figurativo
Ações cooperativas e associativas de artistas: Tucuman Arde e Artists for Democracy.
A “sindicalização” do artista: os artistas da Comuna de Paris; Sindicato dos Trabalhadores, Técnicos, Pintores e Escultores do México; movimento Arts & Crafts; Art Workers' Coalition.
Gênero e recusa ao trabalho: Wages for Housework; Women’s Liberation Movement; Rivolta Femminile.
Aula 5 | Não-fazer: práticas de improdutividade e ócio
Produtivismo russo e a centralidade da forma-trabalho; Partido Bromosódico e a Federação para Alergia ao Trabalho.
Abolição do trabalho e humor entre os situacionistas e pós-situacionistas: Metropolitan Indians; Fatuous Time; King Mob; Against Sleep and Nightmare; Vague; Anti-clockwise.
David Hammons e ações simbólicas públicas: análise de Bliz-aard Ball Sale e outros trabalhos.
Aula 6 | Abandonar a profissão e formas de recusa no atual contexto econômico-político
Artistas que abandonaram a profissão.
Movimento punk e a ojeriza ao trabalho.
Movimentos de contestação institucional e projetos artísticos contemporâneos.
Sobre o professor: Pedro Andrada é artista visual e educador. Formou-se em Ciências Sociais, em 2010, e em Artes Plásticas, em 2015, ambas pela Universidade de São Paulo (USP). Também é técnico em Artes Gráficas pelo SENAI. Concluiu o mestrado em Poéticas Visuais e atualmente cursa o doutorado pela USP com o projeto de pesquisa intitulado “Práticas de improdutividade e desidentificação”. Em 2024, foi pesquisador visitante na Central Saint Martins (Londres). Além da produção artística e das exposições das quais participa, atua como pesquisador na área de mediação e programas públicos em instituições de arte. Foi supervisor do educativo na 31ª Bienal de São Paulo e coordenou, entre 2016 e 2018, os programas de oficina do ciclo de cinema e os encontros de mediação no Museu de Arte de São Paulo (MASP). Em 2023, participou de residência artística e organizou uma exposição junto à École Nationale des Beaux-Arts de Dijon (França).